16.6.08

Ética no jornalismo

"Responsabilidade social; ouvir sempre os dois lados da questão; não ao preconceito; não ao sensacionalismo; estimular a solidariedade, promover a cidadania, divulgar os bons exemplos; trocar idéias com outras pessoas; cuidado com a banalização da violência."

Antigamente, o jornalismo era baseado na opinião do jornalista e em editoriais, deixando o material muito pessoal. Com a evolução e as mudanças recentes na profissão, os fatos ganharam mais importância e entraram em foco. Num jornalismo atual, estes fatos são, em sua maior parte, relatados por imagens, necessitando assim apenas de pequenos esclarecimentos, deixando para segundo plano os comentários do profissional. Mas ainda existem conflitos que giram em torno desses comentários.

O que é ética? De acordo com o dicionário PRIBERAM de língua portuguesa, ética é a ciência da moral, disciplina que estuda os julgamentos de valor na medida em que estes se relacionam com a distinção entre o bem e o mal. Sabe-se, apesar desta definição de que ética e moral são coisas diferentes. Moral é conduta, cultura, prática e costume, enquanto ética é o lado teórico e regrado.

Questão de interesse: Nos dias de hoje, o jornalista fica dividido em meio a um jogo de interesses e de compromissos. Ao mesmo tempo em que precisa escrever sobre aquilo que acredita, também tem que fazer as vontades de sua empresa e seus patrocinadores. Mas então surge a questão: o jornalista “tem de divulgar informações precisas e corretas e deve divulgar fatos e informações de interesse público”, de acordo com o Código de Ética do Jornalista Brasileiro. A questão acaba partindo para a moral e o caráter do jornalista, que tem que decidir se segue a ética ou continua em seu emprego, o que, às vezes, confunde-o, fazendo com que tome decisões impensadas.

A teoria é diferente da prática: Por estar nesta “sinuca de bico” mais vezes do que deveria ou precisaria, entra em campo a moral. O jornalista não segue rigorosamente o que lhe foi dito ser ético, no entanto, faz uma interpretação da situação que está vivendo e do que acha que deve ser feito, seguindo de acordo com sua moral. Existem coisas que um jornalista deve fazer, que ele pode fazer, e que ele faz. E nem sempre existe um senso comum entre elas.

O código de ética: Não é do conhecimento de todos, mas sim, existe um código para os jornalistas. Uma espécie de guia, um manual de como agir e como não agir. O Código de Ética do Jornalista Brasileiro teve alterações aprovadas em um congresso de jornalistas, em Vitória (Espírito Santo), em Agosto passado por delegações de vinte e três estados, mas entrou em vigor vinte anos antes, em 1987. Nele são estabelecidos os direitos, deveres, condutas desejáveis e indesejáveis e as responsabilidades que o jornalista adquire quando passa a exercer a profissão. O seu desrespeito acarreta conseqüências, como em qualquer outra infração, como advertência ou até expulsão de seu respectivo sindicato. O Código, como tudo que trata de ética, gera muita polêmica, mas é a ferramenta base para o exercício da profissão.

O artigo 11º: cometer um erro para denunciar outro pior: “O jornalista não pode divulgar informações obtidas de maneira inadequada, por exemplo, som o uso de identidades falsas, câmeras escondidas ou microfones ocultos, salvo em casos de incontestável interesse público e quando esgotadas todas as outras possibilidades de apuração.” Falsidade ideológica, além de antiético, é crime, bem como fazer coisas sem o conhecimento dos terceiros envolvidos. É neste momento que o jornalista enfrenta um de seus maiores dilemas: será que vale a pena, por uma matéria, correr o risco de ser taxado de criminoso e arruinar com sua carreira? Ou será que, se pelo interesse geral, o crime revela-se um ato altruísta, trazendo assim mais prestígio e o bem do público alvo? Com dois caminhos a seguir e um compromisso com a verdade, um profissional sério decide “violar” o código e seguir em frente com sua reportagem.

“Não importa a decisão que tome, é impossível agradar a todos”, sendo assim, o jornalista uma figura muito condenada. Sua função não é simplesmente repassar uma informação, essa é a função do meio de comunicação. Sua função é fazer com que essa informação se transforme em algo que o leitor, ouvinte ou telespectador entenda e possa refletir sobre. E fazer com que o receptor fique bem informado nem sempre é uma tarefa fácil. São vários obstáculos e escolhas difíceis pelo caminho até uma notícia bem formulada, realista, clara. E, acima de tudo, o jornalista também erra. O jornalista também é humano, sedento de informação. O jornalista também é cidadão.


Xêro,
I.T.P.

Um comentário:

ROSA E OLIVIER disse...

Non è di maggio questa impura aria
che il buio giardino straniero
fa ancora piú buio, o l'abbaglia

baci kiss besos beijos